
Espiritualidade
Refletindo
A criatura mais fácil de ser analisada para chegar à conclusão de que foi D´us quem criou o mundo, segundo explica o Chovot halevavot, é o homem. Sobre isso, consta no livro de Iov (Jô) a seguinte passagem: “Da minha carne eu vejo D`us.
Se pararmos um pouco para pensar no objetivo de cada órgão do corpo humano, e o motivo de cada órgão ser criado da forma que ele é, perceberemos claramente que houve um planejamento inteligente e detalhado para que vivêssemos da melhor forma possível. Analisemos superficialmente alguns exemplos disso.
Os olhos foram feitos para enxergar, e a visão é nosso principal sentido. É impossível imaginar como seria a vida sem os olhos, sempre na escuridão.
A guemará chega a dizer que o cego é comparado a um morto. Ao redor dos olhos estão os cílios, protegendo da poeira e fumaça. Os peixes, que vivem na água e não precisam dessa proteção, nem têm cílios.
As mãos foram feitas para pegar ou dar, para realizar todo tipo de atividades complexas do dia a dia. Com os dedos o homem pode escrever, esculpir, costurar e fazer muitos outros trabalhos que seriam impossíveis sem eles. Os animais, que não precisam fazer todos esses trabalhos, não possuem dedos tão desenvolvidos.
As pernas foram feitas para andar e passear sobre a terra e sem elas o homem não sairia do lugar. Do joelho para baixo elas são mais finas, para não pesar demais dos milhares de passos que o homem dá todo dia. Do joelho para cima são mais grossas, para poder sustentar o corpo.
Em uma análise mais minuciosa, perceberíamos facilmente que a mesma coisa ocorre com os outros órgãos do nosso corpo – todos eles com funcionamento extremamente complexo. Os ouvidos servem para escutar, o nariz para cheirar, a língua para falar ajudar no ato da deglutição, a boca para comer, os dentes para mastigar os alimentos, o estômago para digeri-los, o fígado para refiná-los, os rins para retirar as sobras que não possuem utilidade, a bexiga para reter temporariamente os resíduos, para que não saiam pouco a pouco com o término da digestão, o coração que guarda o calor humano e é a fonte da vida, o cérebro que guarda as forças espirituais, contém o sistema nervoso e é a fonte dos sentimentos, etc.
Se estivermos atentos ao processo de crescimento da criança, também perceberemos como cada detalhe foi planejado para facilitar o seu desenvolvimento. Já na barriga da mãe, foi feito para o bebê um “berço” completamente fechado e protegido. Lá ele não sente nem calor nem frio. Através do sangue da mãe chega seu alimento, sem qualquer esforço. Depois de nove meses ele nasce e sua comida deixa de vir pelo sangue da mãe, e é substituído pelo leite quente e gostoso.
O bebê nasce só com os sentidos de gosto e tato e, após poucos dias, começa a enxergar e ouvir, cada sentido no seu tempo ideal. Pois se nascesse com todos sentidos ao mesmo tempo, ele teria um choque mental e psicológico que poderia prejudicá-lo.
Quando criança, ele ainda não possui o bom senso e não consegue distinguir entre o bem e o mal, adquirindo essa capacidade somente depois que fica maior. Isso porque, se quando criança já soubesse distinguir, ele perceberia que as outras pessoas se superam a ele, sendo independentes e sabendo se mexer com rapidez, e ele por sua vez, percebendo sua incapacidade de não fazer nada sozinho, nem mesmo de se limpar, sentiria uma tristeza muito grande, que poderia causar até a sua morte.
Como a criança é dependente dos outros e não consegue fazer nada sozinha, seus pais tomam conta dela, fazendo de tudo que precisa ser feito e passando por todas as dificuldades de seu crescimento. Mas isso seria impossível de acontecer se os pais não sentissem nada pelos filhos e o encarassem como uma pessoa estranha. Por isso, foi planejado que os pais amem os filhos mais do que a si próprios, e sintam muito carinho por eles. Assim, será menos difícil de criá-los não poupando esforços e cumprindo essa missão da melhor forma possível, até que eles se tornem grandes.
Podemos observar também que os dentes não caem todos de uma só vez. O segundo dente só cairá quando o primeiro dente caído já estiver crescido em seu lugar. Se não fosse assim, a criança não teria como comer no intervalo de tempo em que caem os dentes.
O choro do bebê também é um milagre incrível. Mesmo parecendo uma coisa ruim para a criança, na verdade é algo bom e muito útil a ela. Os professores de medicina já frisam que no cérebro do bebê há um líquido que precisa ser expelido, caso contrário pode causar-lhe doenças. O choro põe o líquido para fora, colaborando com a saúde da criança.
No
nosso cotidiano, a cada passo que damos ou movimento que fazemos,
podemos perceber inúmeros milagres a nosso favor. Infelizmente, todas
essas maravilhas que estão a nossa volta já se tornaram tão comuns a
nós, a ponto de nem as valorizarmos. Para servir a D`us com amor,
observar as belezas da natureza e da nossa criação são fatores
essenciais.
